Ignorância: maldita bênção
O
título desse texto pode parecer uma contradição, uma incoerência, porém, a
atual situação política e econômica que vivemos no Brasil justifica
perfeitamente o uso dessa aberração linguística.
Vivemos
em um país cheio de “ex-miseráveis”, que graças a uma sucessão de governos
razoavelmente bem sucedidos, saíram da condição de pobres ou miseráveis para a
atual situação de nova classe média endividada.
Depois
de um governo que estabilizou a economia sacrificando até certo ponto os investimentos
sociais, o Brasil tem passado por uma suposta faze de “Marola”, se esquivando
das crises econômicas e investindo muito e mal em um suposto modelo de
desenvolvimento social.
O
fato é que nenhum dos governos de nossa recente faze democrática se preocupou
com a sustentabilidade da nossa economia e muito menos houve preocupação com formação
de uma massa crítica capaz de “tocar o país” de uma forma minimamente eficaz.
Nossa
economia se sustenta sobre o crescimento da exportação de matérias primas e da produtividade
do setor automobilístico, sem grandes preocupações com a diversificação e
investimento em novas tecnologias.
Sempre
que nos deparamos com uma crise mundial estimulamos o consumo e nos últimos anos
criamos uma grande bolha de dívidas, principalmente entre os membros da nova
classe média. A pergunta é: Quando essa bolha vai estourar?
Em
um país com mais de 10% de pessoas analfabetas, isso sem falar dos 70%
supostamente alfabetizados, porém com graves dificuldades de interpretação de
texto e compreensão matemática, fica fácil fazer de conta que uma crise que se
espalha internacionalmente não vai atingir nossa indiscutivelmente frágil
economia. Dentro deste contexto a incoerência utilizada no título do texto
torna-se muito coerente.
Estamos
nadando contra a corrente, enquanto os países mais desenvolvidos investem muito
em Educação, nossa sociedade parece ignorar essa necessidade, enquanto os mais
sensatos investem em tecnologias limpas e transporte público coletivo, nós
temos orgasmos ao falar do Pré-sal e estimular a venda incontrolável de automóveis
sem nem mesmo adequar nossas estradas e ruas para recebê-los.
Nosso
governo gasta muito, paga muito para políticos que gastam ainda mais criando “Cargos
de confiança”, nossa carga tributária é horripilante e os serviços públicos
parecem nunca melhorar, mesmo recebendo supostamente tanto dinheiro proveniente
dos nossos impostos.
Os
projetos sociais que indiscutivelmente foram necessários e que salvaram muitas
vidas foram mal planejados, sem planos óbvios de continuidade como estímulo
intenso à formação educacional e profissional, além da geração de empregos
novos, abundantes e melhor remunerados.
A
criminalidade cresce como nunca antes, a corrupção continua a se alastrar, o
salário mínimo continua muito abaixo do desejável e pela primeira vez na nossa
história o crime passou a compensar, pois além de matar e roubar, caso seja
preso o detento tem direito a mais de 900 reais por descendente, visitas íntimas,
alimentação com qualidade superior a merenda de muitas escolas, isso sem falar
dos celulares e outras regalias que muitos presos têm acesso informalmente.
A Europa está em crise, os Estados Unidos Estão
em crise, e nós?
Mesmo
supondo que todos os problemas acima citados não caracterizem uma crise, será
inteligente e sensato continuar crendo que nossa economia é inabalável?
Vamos
continuar esperando a “Marolinha” e correndo o risco de encontrar um “Tsunami”?
Analisemos
a Nação que somos e imaginemos a Nação que deveríamos ser, pois até agora, o
Gicante Latino Americano continua dormindo, ou pior, está em estado de torpor.
Uma reflexão crítica acerca da nossa contingência social e polítia, bem articulada e endossada por livros do Eduardo Galeano, "As veias abertas da América Latina". Muito bom o seu texto, principalmente porque vivemos um estágio peculiar da cultura e da sociedade brasileira. Prof. Mauro de Souza - escritor e filósofo.
ResponderExcluir