terça-feira, 8 de novembro de 2011

Trabalho informal e a falta de medidas para mudar essa realidade.


Sou professor há oito anos e durante esse período conheci muito alunos que trabalhavam e ainda trabalham informalmente, sem nenhum tipo de registro ou contribuição previdenciária, atuando muitas vezes como flanelinhas ou como empregados de camelôs que vendem produtos piratas em bancas espalhadas pelas ruas. Muitos desses garotos, vindos de famílias com renda baixa e inconstante, realmente dependem das atividades informais desenvolvidas nas ruas para comprar o pão de cada dia.
Com tristeza, observei ao longo dos anos que muitos dos meus alunos da escola pública, que trabalhavam sem nenhuma segurança trabalhista, não conseguiram sair dessa condição, pois as políticas públicas que não atendem adequadamente a maior parte de nossa sociedade, também não permitiram que esses garotos encontrassem outras possibilidades de emprego.
 Em muitas ocasiões percebi que os mesmos garotos trabalhadores de rua, tornaram-se adolescentes trabalhadores de rua, que acabaram se conformando com essa situação e abandonaram a escola, pois nela enxergavam somente “perda de tempo”, afinal no ambiente escolar eles não poderiam encontrar a pouca renda que nas ruas pode ser obtida.
Não podemos afirmar que todos os trabalhadores de rua são simplesmente picaretas, pois muitos, ainda jovens, tentam encontrar atividades que lhes ofereçam alguma segurança trabalhista e financeira. Entretanto, a falta de oportunidades educacionais e trabalhistas, principalmente no que se refere à formação para o mercado de trabalho e aos caminhos para a inclusão mercadológica, acaba levando à desistência e aceitação da informalidade.
O aumento da informalidade é causado por sérias falhas do sistema político, administrativo e econômico, essas atividades, retiram jovens das escolas e os colocam em contanto com ambientes nem sempre adequados, de forma que a “oficialização da informalidade” e a falta de fiscalização andam na contramão do bom senso social.
A Câmara, assim como a prefeitura municipal, deveriam se preocupar com projetos que retirem crianças e adolescentes das ruas e os coloquem por mais tempo na escola e em atividades intelectuais e profissionalizantes. Precisamos reduzir e se possível acabar com a informalidade profissional e com os subempregos.
Nenhum município pode se sustentar sobre remendos sociais, que tentam disfarçar os problemas, ou pior, conquistar público por meio de medidas e irresponsáveis.
Entretanto, o que percebemos nos últimos anos em Taubaté é que a falta de bom senso político e as tendências populistas da maioria dos homens públicos, acabam por favorecer ações desmazeladas, que incentivam trabalhos informais como a venda em barracas nas ruas, a construção de camelódromos, chegando a extremos como foi o caso do projeto que visava oficializar a “profissão de flanelinha”.
Estamos nadando contra a corrente, deixando de lado a qualidade de vida das pessoas e reduzindo as possibilidades de arrecadação. Alguém vai pagar o preço, e neste caso o “alguém”, somos todos nós, cidadãos, contribuintes e todos aqueles que não estão tendo a chance de acessar o mercado formal que entre outras coisas oferece a oportunidade de uma aposentadoria respeitável.
Não sei se por incompetência ou por intencionalidade, mas o fato é que muitos de nossos homens públicos estão cometendo graves equívocos quando o assunto é a seriedade das políticas públicas econômicas e sociais.


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